Brasil celebra Encontro Nacional de Gestão Comunitária de Água.

Com o tema “Visibilizando e Fortalecendo a Gestão Comunitária de Água”, o encontro no Brasil na cidade de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo, tem como objetivo aprofundar o tema , dar maior visibilidade ao tema da gestão comunitária de água, fomentar diálogos e o intercâmbios de experiências envolvendo os diversos modelos existentes no Brasil.

A actividade ocorre de 22 a 24 de novembro ,é uma realização da Fundación Avina, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES-ES), e a Confederação Latino Americana de Organizações Comunitárias de Serviços de Água e Saneamento (CLOCSAS).

Participam do Encontro representantes de 13 estados do país, e de organizações da América Latina. A Cáritas Diocesana de Pesqueira, situada no Agreste de Pernambuco, iniciou o Encontro realizando um momento de mística (boas vindas) apresentando  de forma lúdica com encenação teatral, as dificuldades e a importância  de  grande parte da população em terem acesso à água.

Abrindo o ciclo de plenárias, o  presidente da CLOCSAS, Rolando Marín, pontuou sobre gestão comunitária na América Latina e Associativismo. “Precisamos dar visibilidade  e reconhecimento à gestão comunitária da água, ela praticamente é invisível. Existe uma fragilidade  organizacional, técnica e  financeira,  e  neste ponto precisamos  fortalecer o associativismo enquanto organizações”, pontua.

Na sequência, a integrante da diretoria do CLOCSAS e coordenadora da Centra Seabra (CE), Gabriela Vieira, abordou os avanços e desafios da gestão comunitária do saneamento rural do Brasil. Terminando este primeiro ciclo das apresentações, a gestora regional do Programa de Acesso à Água da Fundación Avina, Lil Soto, fez um resgate sobre o que são as OCSAS (Organizações Comunitárias de Água e Saneamento), as diferenças entre elas, os desafios para sua  sustentabilidade,  e as formas de acesso aos recursos financeiros.

Por fim , foi aberto aos participantes  momento para debates e perguntas acerca das plenárias. “O associativismo  deve ter como base as lideranças locais, essa  é a únicas forma de nos fortalecemos  enquanto organizações. O governo é  parceiro, mas a base deve construída por cada um de nós”, complementa Lil Soto.

No segundo momento das plenárias,  o coordenado Comunicação da Trata Brasil, Rubens Filho, apresentou um panorama nacional e desafios do saneamento básico no  Brasil. “No Brasil temos um problema gravíssimo com saneamento básico em nosso país. Para conhecimento, 34 milhões de pessoas não tem acesso à água no Brasil, e 49% da população ainda não possui coleta de esgoto”, comenta.

“A gestão comunitária deve ser uma  iniciativa com participação, conhecimento,  diálogo, atitude, parcerias e compromisso. Estes são alguns  nortes  para solução do saneamento rural no país”, cita o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( IPEA), Gesmar  dos Santos.

Ao final, o diretor de negócios  do interior da Compainha de Água e Esgoto do Estado do Ceará ( CAGECE), Helder Cortez, apresentou  a experiência de gestão comunitária desenvolvida pelo Sisar no estado cearense.

Além oito instituições de diferentes regiões do país, foram selecionadas a apresentar seus exitosos modelos de gestão comunitária, na plenária chamada “Compartilhando  experiências”.

O primeiro bloco contemplou quatro entidades de diferentes estados do país. A Cáritas Diocesana de Pesqueira na pessoa do assessor técnico, Francimário Gomes, que apresentou a experiência no município de Buíque, com o Projeto Gestão Comunitária de Sistemas de Abastecimento D’água, realizado em parceria com a Fundação Avina, Aliança Água +Acesso, e parceiros locais.

“A experiência neste projeto nos mostra a cada etapa e reunião a importância da população primeiro em entender sobre Direito no acesso à água. Este é o papel do  projeto de  gestão comunitária envolver a comunidade, construir e reconstruir conhecimentos a partir das experiências das famílias , e das especificidades da comunidades, para assim, criar um modelo de autogestão construído coletivamente, que sirva de referencial para outras comunidades”, comenta Francimário.

Do Espírito Santo, o integrante do Comitê de Gestão Comunitária de Tratamento e Abastecimento de Água Rural da Comunidade de Nossa Senhora das Graças, Renaldo Gabriel, trouxe as práticas educativas ambientais e  sociais utilizadas na  região.

Da  região norte, a coordenadora regional da Fundação Amazonas  Sustentável (FAS), Jousanete  Lima, trouxe a  história da instituição, a mobilização  realizada nas comunidades ,  e apresentação do diagnóstico da situação do abastecimento de água.

“Sem as parcerias nada é possível. Tudo que fazemos vem dos comunitários, são eles que definem quais caminhos iremos  seguir. A opinião deles é essencial para quais caminhos devemos seguir’, declarou Jousanete.

Ainda na plenária, experiências do Ceará, Pará, Bahia e Minas Gerais também apresentaram seus modelos de gestão comunitária, com respectivos desafios, fragilidades e resultados.